Marca Maxmeio

Opinião

  • 03 de Fevereiro de 2007

    DE CABEÇA ERGUIDA

     

     

    Quarta última deixei o Congresso Nacional. Saio de cabeça erguida. Com o nome limpo e vasta folha de serviços prestados. Olho de frente, sem receios, para milhares de norte-rio-grandenses, que acreditaram em mim e ainda poderão acreditar no futuro. Permanecerei na vida pública. Aguardarei com paciência os dias que virão. Acumulei muita experiência. Coloco tudo a serviço do meu Estado e do país. Seria egoísmo, assim não fazê-lo. Enquanto isto estarei recolhido à vida profissional e privada.

    FUTURO POLÍTICO

    Muitos perguntam se ainda aspiro cargos públicos, especialmente a Prefeitura de Natal em 2008, já que em 2004 disputei eleição idêntica. Sinceramente, não tenho nenhum projeto definido. Tudo dependerá das circunstâncias, de pesquisas, do sistema partidário. A essa altura da vida, somente aceitaria missão política que nascesse naturalmente, sem traumas, sem “forçar a barra”, sem preterir ninguém e que me permita cumpri-la com ética, espírito público e metas concretas a atingir. Por isto, não me lanço candidato a nada. O que for será. Não há sangria desatada. Deus, o povo e os partidos sabem o que fazer. Reafirmo, apenas, continuar na vida pública.

    A propósito de ter sido candidato a prefeito de Natal em 2004 tenho lido na imprensa certas análises de que insucesso eleitoral passado inviabiliza chances de candidaturas futuras. Mesmo sem ter a pretensão de ser candidato de novo, tais comentários merecem uma melhor reflexão, em respeito a fatos históricos. Vale recordar que em 2004 atendi apelo partidário e fui candidato à Prefeitura de Natal. Entrei na disputa 24 horas antes do término do prazo de registro. Todas as composições políticas já estavam feitas. Por tais razões, o resultado final se explicou por si só. Uma pesquisa posterior à eleição indicou que 26% da população considerava-me um dos melhores candidatos, mas optava que continuasse deputado federal.

    Caso derrota inviabilizasse candidatura, Yeda Crucius não seria governadora do Rio Grande do Sul (ela ficou atrás na disputa de Porto Alegre, em 2004). Idêntica situação passou a atual Governadora Wilma de Faria, em 1994 como candidata a governadora. A Senadora Ana Júlia elegeu-se governadora do Pará, tendo sido a última na disputa pela prefeitura de Belém (2004). O atual governador José Serra (SP) perdeu para prefeito e Presidente. O Presidente Lula também perdeu quatro eleições seguidas (inclusive para governador de SP). FHC sofreu derrota para prefeito de SP e logo depois se elegeu Presidente.

    SONHOS NA POLÍTICA

    No instante em deixo de exercer mandato popular recordo como foi difícil a minha vida pública, num Estado com as características sócio-políticas do nosso. Vindo de onde vim, considero-me um vencedor. Sonhei e corri riscos. Sempre coloquei em prática aquele princípio de que “nada é impossível, pois os sonhos têm a ver com a realidade e quem não sonha não é feliz”

    Paulo Coelho faz curiosa reflexão sobre a derrota. Diz ele: “O guerreiro da luz sabe perder. Ele não trata a derrota como algo indiferente, usando frases como “bem, isto não era tão importante”, ou “na verdade, eu não queria mesmo isto”. Aceita a derrota como uma derrota, e não tenta transformá-la em vitória ou experiência. Amarga a dor dos ferimentos, a indiferença dos amigos, a solidão da perda. Nestes momentos, diz para si mesmo: “lutei por algo, e não consegui. Perdi a primeira batalha. Ele sabe que ninguém ganha sempre - mas os corajosos sempre ganham no final”.

    Quarta última, ao terminar o meu mandato na Câmara dos Deputados agradeci a Deus e ao povo a oportunidade de servi-los, durante tanto tempo. Sou grato aos que confiaram em mim, pois na expressão de Shakespeare “a gratidão é o único tesouro dos humildes”. E ainda usando expressões do grande dramaturgo inglês “continuarei sonhando com um amanhã melhor para todos. Portanto, plante seu jardim e decore a sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E, assim, você aprende que realmente é forte e pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e você tem valor diante da vida”.

    A luta continuará. Seguirei o caminho do futuro de cabeça erguida. Sem sobressaltos. Consciência tranqüila. E sempre disposto a servir e a lutar – com mandato ou sem mandato - por quem acredito. O povo do Rio Grande do Norte.


    Faleceu monsenhor Eymard L’Eraistre Monteiro. Fundador do “Ginásio São Luiz”, localizado inicialmente na rua Felipe Camarão, em Natal. Fui alfabetizado nessa instituição de ensino. Aprendi a ler com Dona Leonor, a minha primeira professora. Padre Eymard – como era conhecido – deixou obras históricas sobre a Igreja do Galo, em Natal e o município de Caicó (“Caicó-subsídios para a história completa do município – 1999”). Ele defende a tese polêmica, de que o português Manuel de Souza fundou a cidade de Caicó em 1725 , quando construiu uma capelinha, hoje a Igreja do Rosário. Foi uma figura que marcou, ao seu estilo, o apostolado católico e a vida intelectual do Estado.

    Publicado em 04.02.2007 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.


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