Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 29 de Outubro de 2011

    O fenômeno Cristina Kirchner

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    O fenômeno político-eleitoral é realmente complexo e imprevisível. Há dois anos estive na Argentina e jamais tinha visto um desgaste tão acentuado junto ao povo, quanto da presidente Cristina Kirchner. Do motorista de taxi aos empresários, a linguagem era de crítica contundente. Todos elogiavam o bom desempenho de Lula, no Brasil.

    Domingo último, a mesma presidente se tornou a primeira mulher reeleita na chefia de um governo latino-americano, com mais de 53% dos votos, a maior vitória eleitoral desde 1983, anos da redemocratização no país, quando Raúl Alfonsín obteve 51% dos votos.

    Todos explicam o sucesso de Cristina Kirchner, com a criação de 3,5 milhões de postos de trabalho e a queda nos índices de pobreza. A mesma explicação da vitória de Bill Clinton sobre George Bush, quando o candidato irritado com a posição de inferioridade no início da campanha dirigiu-se ao seu marqueteiro James Carville e exclamou: “é a economia, estúpido!”. Naquela ocasião, Clinton chamava atenção para o insucesso econômico de Bush. Está provado, que a economia derrota ou elege, ao mesmo tempo.

    Os cerca de quarenta milhões de habitantes argentinos viveram violenta crise política e econômica em 2001-2002. Em 2002, o índice de pobreza era de 50% e hoje é de 20%. O casal Kirchner assumiu em 2003 e sofreu ataques de todo tipo, como autoritário, manipulador, corrupção, ajudas eleitorais de Chávez em “sacolas” de dólares e populista.

    O país estava em frangalhos. Sofrera crise de âmbito social, econômica, fiscal, política, institucional (Suprema Corte), sem precedentes na sua história. Contribuíram para esse caos vários fatores, dentre eles, a elevação do desemprego, a crise da Rússia em 1998 e o impacto da desvalorização da moeda no Brasil. 

    Nestor Kirchner assumiu posições inéditas no governo. Começou por enfrentar a “banca” internacional e o FMI. Apresentou a proposta de pagar apenas 30% do valor de uma dívida de U$ 132 bilhões. Eliminou à paridade do peso ao dólar norte-americano, instituindo um sistema de câmbio duplo e emitindo quase moedas como meio de troca suplementar. Agencias de risco internacionais previram que os credores fariam o governo recuar, sob pena de falência total das linhas de crédito externas. Nada disso ocorreu. A economia entrou em rota de acelerada recuperação, até hoje. A taxa de desemprego, que chegou a bater em 18% em 2003, hoje é de 7,3% e a renda per capita disparou 60% no mesmo período.

    O Produto Interno Bruto (PIB) continua crescendo. Com a colaboração do ministro da economia, Amado Boudou, eleito vice-presidente, iniciou-se trajetória de combinação de políticas econômicas e sociais. O desemprego está em 7,3%. Era 16,3% em 2003. Implantou-se a reestatização do sistema de aposentadorias e os programas de complemento de renda, estimulando o mercado interno, com a criação de empregos e aumento do consumo. O preço dessa estratégia foi pago, em parte, pelo Brasil, face às barreiras impostas na entrada de produtos estrangeiros.

    Neste clima de vitória e euforia política pairam algumas dúvidas na Argentina, que geram apreensões em curto prazo. Fala-se que o Instituto Nacional de Estatísticas (Indec) manipula os índices de preços ao consumidor para maquiar a inflação crescente. Por outro lado, a crise econômica coloca em risco mais de 50% do PIB global (EUA, Europa e Japão). Se agravada, repercutirá inevitavelmente no país.

    Quinta próxima inicia-se em Cannes, na França, a reunião do G-20, grupo que surgiu em 1999 como uma reunião de ministros de economia e em 2008 adquiriu um caráter mais amplo em Washington DC, à época no auge da crise econômica mundial. Os países latino-americanos reivindicarão maior participação da região nos esforços de combate à crise econômica. Este ano, o G-20 ampliou o número de convidados e participarão da Cúpula a Espanha, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Cingapura e Guiné Equatorial.

    Com a vitória contundente das urnas, Cristina Kirchner será uma voz fundamental no G-20 para consolidar a estabilidade econômica do seu país, o que interessa diretamente aos demais latino-americanos, sobretudo o Brasil. Vamos esperar resultados positivos!

    Leia também o "blog do Ney Lopes".

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